Search

O Que Foi a Crise de 2008? | As Principais Causas da Crise de 2008

Como funciona a concessão de crédito imobiliário e o que foi a crise de 2008

Sabemos que a crise de 2008 teve origem em uma bolha imobiliária. Para conseguirmos explicar o que foi a crise de 2008, antes é necessário explicar como funciona a cessão de crédito imobiliário, vamos para prática.

O cidadão chega no banco e pede um empréstimo para adquirir um imóvel, dando garantias como o próprio imóvel que ele está comprando, ele vai lá e obtém a quantia financeira junto ao banco.

Sendo assim, o banco que concedeu o empréstimo tem um título de que o tomador vai honrar o compromisso de pagar o capital concedido adicionado de uma taxa. Entretanto, por limites na concessão de crédito, principalmente devido a questões de liquidez, o banco não pode emprestar dinheiro de qualquer forma. Existem regras determinadas pelo banco central sobre a quantidade de liquidez o banco deve manter (Índice de Basiléia).

Dito isso, vamos focar no que ocorreu nos Estados Unidos pré crise de 2008.

Anos 2000 e a Pré Crise Crise de 2008

Nos anos 2000, os bancos começaram a conceder mais empréstimos hipotecários sustentados em um sistema que posteriormente, perto de 2007, se tornou uma bolha. Funcionava da seguinte forma: o banco concedia esses títulos hipotecários para empresas criadas pelo congresso americano para darem liquidez ao mercado de hipotecas.

Essas empresas são chamadas de Federal National Mortgage Association (Fannie Mae) e Federal Home Loan Mortgage Corporation (Freddie Mac).

Tanto a Freddie Mae quanto a Freddie Mac, passaram a comprar os títulos imobiliários dos bancos, fazendo com que eles se readequassem as normas de liquidez e pudessem conceder novos empréstimos.

A demanda por esses empréstimos era gigantesca devido a diversas políticas oriundas principalmente da década de 90, quando o Governo Americano e o Banco Central incentivaram a compra de imóveis e diminuíram os requisitos para contratação de empréstimos junto aos bancos.

Essa lógica de venda de títulos imobiliários para as duas empresas continuou, até que chegou o ponto que eles acumularam metade de todos os títulos imobiliários dos Estados Unidos.

Global financial crisis due to coronavirus pandemic

Mas a principal questão era: o que essas empresas iriam fazer com esses títulos?

Pois bem, elas poderiam receber os retornos provenientes dos títulos e gerir tal risco, ou repassar para frente. A segunda opção foi a que deu problema. Tanto Freddie Mae quanto Freddie Mac passaram a ajuntar esses títulos imobiliários e a venderem com o nome “Títulos lastreados em hipotecas” para todo o mundo.

Essa lógica continuou, até que chegou o ponto que eles acumularam metade de todos os títulos imobiliários dos Estados Unidos.

Paralelamente a isso, a demanda por imóveis explodiu nos Estados Unidos muito devido a facilidade de crédito para tal finalidade. Dessa forma, com o mercado em expansão e com demanda garantida (crédito fácil) diversos especuladores começaram a comprar casas/apartamentos e revendê-los fazendo ou não reformas por preços maiores.

Assim, era possível encontrar pessoas com salários de 3 mil dólares mês por exemplo com 4 imóveis. Algo fora da realidade. Isso ocorria pois, com o primeiro imóvel, a pessoa conseguia mais crédito para comprar um segundo, revendê-lo por mais, conseguir mais crédito e comprar mais um imóvel.

Freddie Mae e Freddie Mac começaram então a misturar títulos lastreados em hipoteca de boa qualidade com o de má qualidade e passou a chamá-los de CDO (Collaterized Debt Obligation).

Virou um ciclo vicioso, quanto mais imóveis, mais capacidade de empréstimo a pessoa tinha. E esses empréstimos, passaram a não ser apenas imobiliários e sim para comprar outros bens. Ou seja, os bancos ao concederem crédito estavam se baseando em um imóvel no qual o valor era inflado pela bolha.

Percebe-se que a bolha imobiliária prejudicou todo o sistema de crédito dos Estados Unidos, por isso a gravidade da situação.

A Bolha Estourando

Young woman blowing bubbles

A bolha da crise de 2008 foi se tornando mais clara e começou a dar as primeiras amostras práticas da sua existência em 2007 quando o banco inglês Northern Rock que estava envolto na questão de securitização (vender títulos hipotecários emitidos por eles mesmos) necessitou de um empréstimo do Banco Central Inglês e essa informação vazou, levando diversas pessoas a correrem para sacar o dinheiro do banco. O banco então foi nacionalizado e o governo inglês garantiu todos os saques.

Um ano depois, o Lehman Brothers (Banco Fundado em 1850), anunciou sua falência e o governo americano optou por não interferir.

AIG, seguradora e resseguradora emitiu um comunicado afirmando que não tinha dinheiro para pagar os seguros dos bancos. Para explicar melhor a situação, os bancos americanos envolvidos na Bolha imobiliária emitiam seguros para os títulos lastreados em hipoteca que eles emitiam. Esses seguros contra o calote das hipotecas eram chamados de CDS ( Credit Default Swaps).

Dessa forma, a seguradora acabou caindo em um buraco sem fim e o Banco Central Americano (FED) optou por adquirir 80% da empresa por 85 bilhões de dólares.

Agências de Risco e a Crise de 2008

Lembra do CDO, que era aquele pacotão de ativos lastreados em hipotecas , uns de boa e outros de má qualidade misturados? Pois então, as principais agências de risco, Moody’s, Fitch e Standard & Poor’s estavam dando classificação máxima para esses ativos (mostrando que eles eram seguros e possuíam pouco risco).

Essa atitude prejudicou muito todo o sistema financeiro americano. A seguradora AIG, por exemplo, só fez tanto seguro para esse pacote porque o risco era baixo, segundo as agências de classificação de risco. Fora isso, por ser, até então entidades de confiança no mercado, diversos players de mercado se basearam nessa classificação, o que causou grande demanda global por esses ativos com bom rendimento e teoricamente pouco risco.

Mas é óbvio que sabemos que grandes rendimentos só podem existir com grandes riscos, e essa classificação equivocada prejudicou muito o sistema financeiro americano.

Tem quem diga que essas agências eram suscetíveis as pressões políticas para incentivarem o mercado imobiliário e impulsionar o crescimento do país. Há outra corrente que acredita que foi um erro uma vez que até a bolha estourar, os calotes eram extremamente raros.

O Que os Estados Unidos Fez Para Acabar Com a Crise de 2008?

Com uma crise se instaurando, o Governo americano preferiu não resgatar o Lehamn Brothers. Entretanto, as consequências disso não foram as melhores. Entretanto, apenas um dia após a queda do Banco, em 23 de setembro de 2008, o alvo da vez do mercado passou a ser a seguradora e resseguradora AIG, que segundo o mercado, não daria conta de honrar seus seguros.

As ações da AIG passaram de 60 dólares um ano antes para 10 dólares no dia 19 de setembro e passou a valer 3 dólares no dia 23. Foi nesse dia, que o FED havia anunciado o empréstimo de 85 bilhões de dólares da AIG no intuito de salvar a seguradora e diversos outros dependentes dela.

Resumo e Conclusão

A Bolha foi instaurada em formato de pirâmide. Pirâmide porque o risco era sempre passado para frente. Veja bem, um banco emitia um título de recebimento do empréstimo que tinha feito, era basicamente o contrato de que ele receberia o dinheiro de volta.

Entretanto, o mesmo banco que emitiu, a fim de ganhar uma diferença e de ter mais liquidez para continuar emprestando, vendia esses títulos para duas empresas com laços governamentais.

Ao repassar esses títulos para essas empresas, os bancos estavam repassando o risco para frente, ou seja, a partir daí não existia mais responsabilidade deles. Se a pessoa que adquiriu o empréstimo pagar ou não, não era mais problema do banco.

Entretanto, essas duas empresas faziam a mesma coisa, porém dessa vez, juntando títulos subprime (de grande risco) com títulos seguros, tudo em um pacote só (CDO’s) e revendendo para Bancos de Investimentos. Assim, já não era mais problema das duas empresas muito menos do banco que concedeu o empréstimo inicialmente.

Os bancos de investimentos por sua vez repassaram esses créditos estruturados para clientes. Dessa forma, chegando a última ponta (clientes), caso o tomador do empréstimo inicial não pagasse a dívida que tinha com o banco inicial, o último cliente não receberia nada.

Mas a princípio isso nem chegava a ser preocupante para esse cliente, afinal, eram títulos extremamente seguros segundo as Agências de Risco.

Poise, mas não era bem assim pois quando os tomadores de empréstimos não conseguiam pagar o que deviam para os bancos, eles perdiam as casas que haviam comprado e dado como garantia. Foi quando os juros aumentaram e esses empréstimos iniciais que eram pós fixados e atrelados aos juros deixaram de ser pagos pois ficaram muito mais caros que o previsto. Aquelas pessoas que estavam comprando e vendendo imóveis utilizando desses empréstimos, se viram sem a condição de pagar por nenhum daqueles bens.

Diversos bancos começaram a ter muitos imóveis, mas com menos demanda de compra. Os imóveis não valiam mais o que supostamente valiam no início do contrato (muita oferta, pouca demanda). A bolha explode.

Os bancos emprestaram mais dinheiro do que tinham (as casas que estavam sobre posse dos bancos já não valiam nem perto do valor emprestado anteriormente). Assim, o banco ficou sem o pagamento do valor emprestado e não conseguiu vender os imóveis pelo preço que achava que ia vender (caso o tomador não conseguisse pagar) quando o empréstimo foi concedido.

No final, a responsabilidade que foi sendo passada para frente, era de todo mundo. Todo mundo envolvido nesse fluxo de títulos hipotecários foi prejudicado.

Gostou? Se sim, segue lá no Instagram e se inscreve no canal do Youtube para ficar atualizado de todas as novidade do Investidor Sem Grife!

Para baixar GRATUITAMENTE meu mais novo ebook sobre investimentos e não cair nas armadilhas do mercado clique aqui.

Facebook
Twitter
LinkedIn

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Inscreva-se para receber avisos e notícias sobre o Mercado Financeiro

Não quer perder nenhum post? Inscreva-se para receber avisos e notícias sobre o Mercado Financeiro

Investimentos

Como usar a inteligência artificial nos investimentos em 2025?

A inteligência artificial (IA), que antes parecia coisa de ficção científica, agora está tomando decisões de investimento de milhões de

Educação Financeira

Como economizar na compra de móveis para sua casa: estratégias inteligentes

Antes de adquirir novos móveis, um planejamento financeiro detalhado e uma pesquisa criteriosa de preços são essenciais. Essas estratégias

Empreendedorismo

Como ganhar dinheiro pela internet? 19 formas fáceis

Muitas pessoas buscam diariamente por dicas de como ganhar dinheiro pela internet, mas é bem verdade também que elas acabam não saindo da mesmice.

Educação Financeira

Planilha de Controle Financeiro Pessoal Gratuita: As Melhores (Definitivo)

O uso da planilha de excel para gerenciamento das finanças permite uma visualização clara do estado atual e projeções futuras do orçamento

Reflexões e Livros

Resumo Pai Rico, Pai Pobre (Completo)

A busca pela riqueza muitas vezes é compreendida como um desejo simples de acumular mais dinheiro. Entretanto, há componentes mais complexos

Investidor Sem Grife

A História da Família Rothschild

Por trás das cortinas da história, existem nomes que sussurramos com respeito e mistério. Um desses nomes é Rothschild. De raízes modestas para